O que é que fazes quando tens tudo o que sempre imaginaste
para ti, mas mesmo assim não é o que desejas de momento?
Porque é que tudo tem que ser complicado, ou é só por eu ser
rapariga? Porque é que não temos um botão de ligar e desligar que nos faça
deixar de gostar da pessoa errada e começar a gostar da pessoa certa? Mas quem
é que decide qual é a pessoa certa? Ou algum tipo de comprimido que nos dê a
oportunidade de voltar atrás no tempo e fazer tudo com mais calma e com raciocínio?
Se bem que o amor não é de todo matéria de raciocínio, é intuição..
Como é que se desiste de um amor tão grande e forte mas que
faz tão mal como bem e se investe rapidamente naquele amor simples e natural,
com os pontos e acentos todos no sítio?
Eu quero e não quero.
Quero uma junção das
duas situações e assim chegaria à minha perfeição. Queria o mesmo amor ardente
que não importa o tempo, tem sempre a mesma intensidade, um fogo que flameja
dentro de nós, que nos corrói e nos deixa dormentes. Aquele amor que te faz
esquecer tudo o que de mal há na vida, aquele que torna tudo perfeito por meros
momentos. Aquele que quando tu encontras, rezas para o tempo parar e não teres
que voltar à realidade. Mas esse amor que mesmo por não perder a intensidade,
cansa. Faz-te esperar por algo que não vem, por algo que é inalcançável naquela
situação. Mas a tua esperança não morre, mantém-se tão forte quanto o fogo que
há dentro de ti.
E ao mesmo tempo, quero o amor que nos faz sentir leves que nem uma pena. Que nos leva para lá das nuvens e que nem dás pelo tempo passar. Que te faz confiar de olhos fechados e que todos os gestos são com a mais pura intenção. O amor que não é egoísta, que te faz pensar no bem-estar do outro e não no teu próprio prazer. O amor que sempre pensaste não existir para ti, algo que só acontecia nos filmes ou só uns poucos tinham a sorte de o encontrar. Se calhar calhou-me a sorte grande.. Mas o fogo mantém-me os olhos fechados a outras coisas e não me deixa agarrar o que está bem à minha frente, à minha espera.
A minha cabeça volta-se e revolta-se com todas as questões
que estão longe de ser respondidas: Como é que eu decido o que quero? Como é
que eu decido o que mereço? Como é que eu decido o que é certo ou não fazer? Eu
quero e não quero. Eu mereço e não mereço. Eu ajo corretamente e não ajo. É
tudo um pau de dois bicos e apenas tenho uma certeza, a que ficarei sempre a
perder. Apesar de não me conseguir libertar do calor à minha volta, tenho noção
do ar fresco que está à minha espera. É um sentimento tão sadomasoquista. Eu
estou a cair aos poucos e acho que nem um nem outro me vai conseguir colar. Mas
que raio de amor é que vem a ser este? Não é suposto fazer com que tudo fique
bem? Não me tinham dito que amar era tão frustrante, que seria sempre uma data
de escolhas difíceis e quase impossíveis. Ou então sou eu que sou fraca e me
estou a deixar ir abaixo com tudo isto. Onde é que já se viu, amar quem nos
ignora. E melhor, não conseguir amar quem nos ama por causa de quem não quer
saber de nós o suficiente para nos amar.
Quero voltar aos tempos onde tinha o coração livre, lido
melhor com a solidão escolhida por mim do que com aquela solidão determinada
pelos outros. Apenas me deixou sozinha, à espera que me quisesse outra vez.
Quando é que eu consigo dizer CHEGA? Quando é que eu quero dizer CHEGA? Bem, lá
estou eu com perguntas que ninguém sabe responder.
Isto de não podermos escolher quem amamos é tão fodido.
Fode-nos o juízo até ao último neurónio. Quase que nos mata, e ali ficamos em
estado vegetal à espera de sermos resgatados por aqueles que nos mataram. Mas
que ironia tão gira. Why, oh why? Porque é que não pode ser simples? Porque se
fosse simples e pudéssemos escolher quem amamos, não haveriam aquelas surpresas
que nos fazem apaixonar aos poucos, aqueles gestos que não estamos à espera, as
palavras que pensávamos nunca ouvir, os beijos que pensávamos não nos poder
arrepiar, os toques que nunca pensámos serem tão mágicos.
Eu pedi um amor, não metades de alguns…
Mary*