terça-feira, 25 de novembro de 2014

Eu pedi um amor, não metades de alguns

    

    O que é que fazes quando tens tudo o que sempre imaginaste para ti, mas mesmo assim não é o que desejas de momento?

    Porque é que tudo tem que ser complicado, ou é só por eu ser rapariga? Porque é que não temos um botão de ligar e desligar que nos faça deixar de gostar da pessoa errada e começar a gostar da pessoa certa? Mas quem é que decide qual é a pessoa certa? Ou algum tipo de comprimido que nos dê a oportunidade de voltar atrás no tempo e fazer tudo com mais calma e com raciocínio? Se bem que o amor não é de todo matéria de raciocínio, é intuição..

    Como é que se desiste de um amor tão grande e forte mas que faz tão mal como bem e se investe rapidamente naquele amor simples e natural, com os pontos e acentos todos no sítio?

      Eu quero e não quero.

    Quero uma junção das duas situações e assim chegaria à minha perfeição. Queria o mesmo amor ardente que não importa o tempo, tem sempre a mesma intensidade, um fogo que flameja dentro de nós, que nos corrói e nos deixa dormentes. Aquele amor que te faz esquecer tudo o que de mal há na vida, aquele que torna tudo perfeito por meros momentos. Aquele que quando tu encontras, rezas para o tempo parar e não teres que voltar à realidade. Mas esse amor que mesmo por não perder a intensidade, cansa. Faz-te esperar por algo que não vem, por algo que é inalcançável naquela situação. Mas a tua esperança não morre, mantém-se tão forte quanto o fogo que há dentro de ti.

    E ao mesmo tempo, quero o amor que nos faz sentir leves que nem uma pena. Que nos leva para lá das nuvens e que nem dás pelo tempo passar. Que te faz confiar de olhos fechados e que todos os gestos são com a mais pura intenção. O amor que não é egoísta, que te faz pensar no bem-estar do outro e não no teu próprio prazer. O amor que sempre pensaste não existir para ti, algo que só acontecia nos filmes ou só uns poucos tinham a sorte de o encontrar. Se calhar calhou-me a sorte grande.. Mas o fogo mantém-me os olhos fechados a outras coisas e não me deixa agarrar o que está bem à minha frente, à minha espera.

    A minha cabeça volta-se e revolta-se com todas as questões que estão longe de ser respondidas: Como é que eu decido o que quero? Como é que eu decido o que mereço? Como é que eu decido o que é certo ou não fazer? Eu quero e não quero. Eu mereço e não mereço. Eu ajo corretamente e não ajo. É tudo um pau de dois bicos e apenas tenho uma certeza, a que ficarei sempre a perder. Apesar de não me conseguir libertar do calor à minha volta, tenho noção do ar fresco que está à minha espera. É um sentimento tão sadomasoquista. Eu estou a cair aos poucos e acho que nem um nem outro me vai conseguir colar. Mas que raio de amor é que vem a ser este? Não é suposto fazer com que tudo fique bem? Não me tinham dito que amar era tão frustrante, que seria sempre uma data de escolhas difíceis e quase impossíveis. Ou então sou eu que sou fraca e me estou a deixar ir abaixo com tudo isto. Onde é que já se viu, amar quem nos ignora. E melhor, não conseguir amar quem nos ama por causa de quem não quer saber de nós o suficiente para nos amar.

    Quero voltar aos tempos onde tinha o coração livre, lido melhor com a solidão escolhida por mim do que com aquela solidão determinada pelos outros. Apenas me deixou sozinha, à espera que me quisesse outra vez. Quando é que eu consigo dizer CHEGA? Quando é que eu quero dizer CHEGA? Bem, lá estou eu com perguntas que ninguém sabe responder.

    Isto de não podermos escolher quem amamos é tão fodido. Fode-nos o juízo até ao último neurónio. Quase que nos mata, e ali ficamos em estado vegetal à espera de sermos resgatados por aqueles que nos mataram. Mas que ironia tão gira. Why, oh why? Porque é que não pode ser simples? Porque se fosse simples e pudéssemos escolher quem amamos, não haveriam aquelas surpresas que nos fazem apaixonar aos poucos, aqueles gestos que não estamos à espera, as palavras que pensávamos nunca ouvir, os beijos que pensávamos não nos poder arrepiar, os toques que nunca pensámos serem tão mágicos.


    Eu pedi um amor, não metades de alguns… 


Mary*

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